Na Finepaper, adoramos todos os produtos impressos e estamos a celebrar o 150.º aniversário de uma ideia histórica: o postal.
Entusiasma-me muito aprender coisas novas sobre o tema da impressão, sejam do passado ou do presente e acontece que hoje se comemoram os 150 anos do aparecimento do “Postal dos Correios.” Foi criado para responder à necessidade instantânea de escrever a alguém de forma mais rápida e barata do que escrever uma carta e teve durante todo este tempo uma importância grande para a história da comunicação e das Artes Gráficas.
Decidi por isso fazer uma pequena homenagem ao tão querido postal porque, tal como o livro não está a desaparecer apesar de todas as inovações que surgiram, acho que o gosto de enviar e receber um bom postal vai continuar a existir porque estes valem quase sempre muito mais do que 1000 palavras.
Os postais ilustrados marcaram muito a minha adolescência. Os meus pais tinham o hábito de comprar o melhor postal “em termos fotográficos” para registrar todos os locais que visitávamos, quer no estrangeiro quer em Portugal. O meu pai adorava fotografia e tirava as suas fotos mas gostava também de ir à procura de registros de outros ângulos fotográficos. Sempre que amigos nossos faziam uma viagem, pedíamos que nos enviassem um postal desses locais e como os meus pais trabalhavam na indústria hoteleira, tinham muitos amigos estrangeiros. Assim, fomos juntando uma série de postais até enchermos uma mala de viagem. De vez em quando, ao serão, porque a oferta da tv não era era igual à de hoje, abriamos a mala e, viajávamos pelo mundo a reler os nossos postais.
“Viajávamos pelo mundo a reler os nossos postais.”
Mas, enviar postais não é só uma coisa do passado, como a minha história. Em 2005 apareceu o Postcrossing que é uma ótima maneira de fazer isso nos dias de hoje. Esta ideia de que as pessoas poderiam gostar de enviar e receber postais através de uma plataforma foi do Paulo Magalhães e, quase 54 milhões de postais depois, ele continua empenhado em fazer crescer este projecto.
Foi através do Postcrossing que descobri a história da origem do postal e, com a devida autorização, vou partilhar a primeira parte da história destes objectos impressos. É uma história de economia e design… e, da forma como a conto aqui, terminará com um novo capítulo: o projeto do postal da Finepaper: uma celebração dos 150 anos da impressão do primeiro postal.
Sem mais demoras, aqui vai a tradução do trecho publicado em www.150yearsofpostcards.com.
História dos postais *
Encontrar as origens dos postais ilustrados ou fotográficos é um trabalho difícil pois os postais não foram simplesmente “inventados” – eles foram evoluíndo. A sua história está, inevitavelmente, ligada com o desenvolvimento dos serviços postais, mas também com inovações nos processos de impressão e fotografia, propostas arrojadas… e até uma torre com 300 metros de altura.
Tentamos mostrar a história dos postais através de uma timeline com momentos relevantes, recuando alguns séculos de modo a estabelecer um contexto que culmina no momento em que os postais passaram a ser oficialmente emitidos e reconhecidos pelos serviços postais, no dia 1 de outubro de 1869.
Séculos XVII e XIX
No rasto da popularização da impressão tipográfica, cartões de visita, documentos oficiais, papel timbrado e outros tipos de papel impresso de curta duração, começaram a conter ilustrações, amiúde com gravações delicadas e desenhos mais complexos e embelezados.
Já em 1777, o tipógrafo Demaison publicou em Paris uma folha de cartas com saudações gravadas, cartas essas preparadas a serem destacadas e enviadas através dos correios locais, mas as pessoas estavam preocupadas com a possibilidades dos serviçais poderem ler as suas mensagens… então a ideia de Demaison não foi muito bem recebida.
1840
Uma reforma postal no Reino Unido veio unificar os custos do envio de correio doméstico para o valor de 1 penny por envelope, que seria pré-pago pelo remetente.
Entre outras propostas, Sir Rowland Hill, propôs que o pré-pagamento deveria ser feito através emissão de folhas impressas contendo selos adesivos.
O Penny Black, o primeiro selo postal do mundo com adesivo, fez a sua primeira aparição em maio de 1840.
Simultâneamente, folhas timbradas pré-pagas decoradas (similares aos actuais aerogramas) foram também postas à venda nos postos de correios. Estas folhas, desenhadas pelo William Mulready, mostravam Britannia com um leão aos seus pés, enviando mensagens de correio para todo o mundo. Apesar deste desenho em particular não ter sido muito bem recebido pela população e sendo até ridicularizado, foi a primeira peça de estacionário emitida pelos serviços postais que continha decorações no exterior. Estas peças foram substituídas no ano seguinte pelos plain pink envelopes (envelopes simples rosa), com um selo de 1 penny impresso no canto.

1861
No fim de fevereiro, o congresso Norte Americano aprovou uma lei que permitia a impressão e envio por particulares de cartas com 1 onça ou menos de peso.
Mais tarde, no mesmo ano, John P. Charlton de Filadélfia patenteou a carta postal e vendeu os direitos a Hymen Lipman (fundador da primeira empresa de envelopes nos EUA e inventor do lápis de chumbo com borracha no topo). Contudo, com o início da guerra civil Norte Americana no mês seguinte, estas Cartas Lipman, assim que ficaram famosas também assim foram esquecidas e só foram novamente utilizadas quase uma década depois.
1865
Na conferência postal de Karlsruhe, Heinrich von Stephan propôs a criação de Offenes Postblatt (ou, pós-folhas abertas). O objectivo, simplificar o formalismo do formato das cartas, mas também reduzir o trabalho, papel e custos envolvidos no envio de mensagens curtas. Ele sugeriu a introdução de uma carta rígida, sensivelmente do tamanho de um envelope, no qual seria possível escrever e enviado pelos correios sem a necessidade de um envelope, tendo a postagem pré-impressa.
“O objectivo, simplificar o formalismo do formato das cartas, mas também reduzir o trabalho, papel e custos envolvidos no envio de mensagens curtas.”
A ideia não foi muito bem recebida na Alemanha: os serviços postais temiam a complexidade e os custos de implementação da proposta pelas diferentes províncias e estados, com cada uma destas zonas e emitirem os seus próprios selos.
1º de outubro de 1869
Na Áustria-Húngria, Dr. Emanuel Herrmann (professor de Economia em Vienna) escreveu um artigo no Neue Freie Presse enfatizando que o tempo e esforço investido em escrever uma carta era desproporcional relativamente à dimensão da mensagem enviada. Sugeriu então que um método mais prático e económico deveria ser implementado para comunicações mais curtas e eficientes.
As suas recomendações impressionaram o Austrian Post, que implementou o seu método a 1 de outubro de 1869, resultando no Correspondenz-Karte, um rectângulo, castanho claro, com 8.5×12 cm, com espaço para a morada na frente, e para uma pequena mensagem no verso.
No postal figurava a impressão de um selo de 2 Kreuzer no canto superior direito, a metade do preço de uma carta normal.
Tinha nascido o postal!
E isto foi apenas o início na cronologia. Se quiserem conhecer mais marcos importantes desta história podem ler o resto do artigo aqui.
Mas, como mencionei antes, tenho mais um capítulo que gostaria de partilhar:
1 de outubro de 2019
A Finepaper comemora também o 150.º aniversário do primeiro postal e a nossa paixão por tudo o que é impresso. Produzimos e enviámos réplicas do Correspondenz-Karte original a amigos e parceiros. Estamos felizes em partilhar algo que as pessoas possam guardar nas suas próprias malas de viagem, como a minha família fez, nas portas dos frigoríficos ou em qualquer lugar onde costumam guardar as coisas bonitas.
“A Finepaper comemora também o 150.º aniversário do primeiro postal e a nossa paixão por tudo o que é impresso.”
Se quiserem uma dessas réplicas de cartões postais, entrem em contato comigo ou qualquer outra pessoa da Finepaper.
E não se esqueçam de subscrever o nosso blog para garantir que são os primeiros a receber as nossas novidades e, quem sabe, alguma coisa na caixa do correio de vez em quando.
* Referências bibliográficas
- Willoughby, Martin, A History of Postcards (1992), Bracken Books, ISBN 1858911621
- Staff, Frank, The Picture Postcard & Its Origins (1979), Lutterworth Press, ISBN 0718806336
- Hill, C. W., Picture Postcards (1991), Shire Publications Ltd, ISBN 0747803986
- Atkins, Guy, Come Home at Once (2014), Bantam Press, ISBN 9780593074145
- Gruß aus Berlin (1987), Kohler & Amelang, ISBN 3733800087
- Daltozo, José Carlos, Cartão-Postal, Arte e Magia (2006)
- MetroPostcard History of Postcards
- Kosmopolit – Gut Fern Gruss
![]() |
Pedro Pereira | Sales Manager pedropereira@finepaper.pt |
Revisão: Paul John Vicente
Design & Paginação: Spice. Creative Seasoning
Foi uma surpresa carregada de emoção receber o postal da Finepaper… evidência clara de como a criatividade se revela nas coisas mais simples!
… há realmente coisas que lamentamos terem deixado de acontecer e outras tantas que lamentamos ter deixado de fazer acontecer!
…quero mais postais!