Sou uma produtora gráfica, nascida nos anos 70 e recordo-me dos erros fáceis que a minha geração cometeu, com alguma inocência, contra o meio ambiente.
Hoje vivemos uma pandemia há muito temida e com origem nas atrocidades humanas feitas contra a Mãe Terra. A indústria gráfica depende de vários recursos naturais e já é tempo de pensarmos no que andamos a fazer e na forma de lutar contra este abuso.
Lembro-me bem de como atirávamos os papéis dos rebuçados pela janela do autocarro numa visita de estudo, de como largávamos os pacotes de batatas a caminho da escola ou como rebentávamos as embalagens de leite e as deixávamos espalmadas no recreio. Recordo-me até de se comentar, nessa altura, que o plástico seria a salvação das florestas. E tudo era normal.
O que aconteceu desde aí?
Sinto que andámos à deriva de opiniões, sempre influenciadas pelos contextos político-económicos, pelas necessidades de cada um. Um jogo de interesses.
E num milésimo da história do nosso planeta, conseguimos destruir milhares de anos do seu aperfeiçoamento. Consequências?
“Há décadas que os cientistas, repetidamente, nos alertam que a destruição das florestas pode provocar consequências imprevisíveis e devastadoras na saúde pública. Agora acabou o tempo e a bomba relógio explodiu”
Para a tribo amazónica Yanomami, Urihi é a terra-floresta entidade viva, dotada de um sopro vital, de um princípio de fertilidade de origem mítica. E o que estamos a viver, nada tem a ver com esse princípio.
As florestas são os nossos escudos e são elas que nos mantêm a salvo das doenças que circulam entre os animais selvagens. Há décadas que os cientistas, repetidamente, nos alertam que a sua destruição pode provocar consequências imprevisíveis e devastadoras na saúde pública. Agora acabou o tempo e a bomba relógio explodiu.
Doenças de origem animal como a Ébola, o HIV, a Síndrome Respiratória Aguda, a Gripe das Aves e a Gripe A, aumentaram o alarme sobre possíveis pandemias nos últimos anos. Todas elas foram desencadeadas pela destruição humana e exploração descontrolada de ambientes ricos em vida selvagem.
A perda e degradação das florestas já é uma ameaça real à saúde, clima, segurança e crescimento económico global. E chegou com o nome SARS-CoV-2. São consequências irreversíveis!
Sinto que chegámos ao limite… aquele que nos parecia longínquo, mas que afinal já aqui está e nos priva de tudo aquilo que tínhamos por garantido: a nossa liberdade a todos os níveis.
Tenho dado conta, desde que estou confinada à minha casa, que a Urihi está a dar-nos um grande puxão de orelhas. Obrigou-nos a parar e a pensar.
Nestes dois meses assistimos, só em Lisboa, a uma redução da emissão de dióxido de azoto, um dos maiores fatores de risco para as doenças respiratórias, em 80%… Isto por causa de uma doença que afecta principalmente os pulmões. No mínimo irónico, não?
Muito se fala no que se faz mal, mas pouco se pensa em como agir de forma diferente. E aqui na Finepaper queremos muito mudar isso!
A indústria gráfica depende de recursos como a energia e a água, de matérias primas como o papel e de elementos químicos presentes nas tintas, vernizes e solventes. Tomamos decisões que resultam sempre em impactos ambientais associados ao ciclo de vida dos nossos projetos. E já é tempo de pensarmos no que andamos a fazer e na forma de lutar contra este abuso.
Vamos dar início a um processo de minimização do impacto do que fazemos. Queremos ser mais sustentáveis e dar uso ao Reduzir, Reciclar, Reutilizar, Repensar e Recusar!
O tamanho, a forma, a cor, o estilo de impressão e as opções de matéria prima determinarão o tamanho da nossa pegada ecológica. E ao tomar decisões eco-friendly poderemos reduzir a emissão de gases de efeito estufa e dar uso mais eficiente aos recursos naturais.
Já temos por princípio, o uso de marcas com certificado FSC, que nos garantem que o papel provém de uma gestão responsável das florestas. Mas queremos mais.
“Tomamos decisões que resultam sempre em impactos ambientais associados ao ciclo de vida dos nossos projetos. E já é tempo de pensarmos no que andamos a fazer e na forma de lutar contra este abuso.”
A escolha de papel com a maior percentagem de matéria reciclada, aproveitamento do formato à folha, parceiros com certificações, incentivo aos clientes no uso do reciclado, nas alternativas aos plásticos, são só algumas das soluções imediatas. Devagar, estamos a mudar mentalidades.
Acredito que todos nós sairemos deste processo mais conscientes e menos permissivos no que diz respeito ao nosso futuro ambiental. Todos juntos, tentaremos acalmar Urihi na sua revolta.
É a nossa Natureza!
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Sónia Ferreira | Print Manager soniaferreira@finepaper.pt |
Copy editor: Spice. Creative Seasoning
Design & DTP: Spice. Creative Seasoning
Illustration: Medzcreative